quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A maldição do espelho


Há muito tempo, em um reino não tão distante, existia uma princesa que sofria uma terrível maldição: estava condenada a viver com um espelho mágico. Embora haja coincidência com a história da Branca de Neve, esse espelho não era igual ao da Madrasta Má. O espelho da nossa história era vil, mentiroso e adorava estragar com a vida da nossa princesa.
Desde criança, a princesa sofria “nas mãos” no espelho. Ele tinha prazer em estragar todo e qualquer sentimento existente na princesa. Se ela dizia que era bonita, ele desmentia. “Você é um ser horrível! A sorte que não sai de casa. Quem é que quer ver uma aberração dessas?”.
O espelho era muito cretino.
O tempo foi passando, a princesa crescendo e seus pensamentos ficando cada vez mais confusos. Ela acreditava que não existia amor e amizade, acredita que era horrível e que a sociedade nunca a aceitaria. Ela era uma aberração.
Mas, como toda história tem um final feliz (ou pelo menos, a gente tenta fazer um), um dia, numa bela manhã, a Princesa acordou e viu um raio de sol entrar pela janela, iluminando melhor o seu quarto. Ela viu um brilho escondido atrás do roupeiro e foi conferir o que era. Era um objetivo que ela não sabia identificar direito. Tinha uma imagem de uma jovem que se mexia conforme a princesa se movimentava. Ela estava fascinada. Aquela imagem era muito bonita. Ela pensava: “Como esta moça é linda!”
Como seu “amigo” tinha mais experiência, ela levou o objeto para ele dizer o que era aquilo. O espelho malvado viu aquilo e disse que não tinha nada ali, apenas uma moldura. A Princesa ficou incrédula: “Como assim? Você não vê a imagem da moça se mexendo?”
O espelho malvado afirmava que tudo não passava de um devaneio da princesa e disse que o melhor a fazer era se livrar do objeto.
A princesa seguiu para a dispensa do castelo quando encontrou uma nova criada. Sorrindo, a serviçal questionou a Princesa: “Você gostou do presente que eu deixei em seu quarto?”
Agora sim. A confusão mental da princesa era total.: “Presente? Meu amigo disse que isso só me fará ficar pior. Eu nem sei o que é esse objeto.”
A criada, continuou alegremente, a falar: “Não, não. Esse objeto não lhe fará mal algum. Se me permite dizer, o que a proíbe de ser feliz é esse seu amigo. Não acredite nele. Você verá o quão maravilhosa você é sem ele. Tente se libertar dele e tudo ficará bem. Deixe o objeto comigo e eu lhe entrego mais tarde.”
A Princesa ficou aquele dia inteiro refletindo as palavras da jovem criada. Seu amigo lhe faz mal? Não pode ser verdade. O tempo passou e a Princesa começou a se afastar daquele espelho malvado. Quanto mais se afastava, mais coisas boas elas sentia.
Um dia, ela resolveu falar com sua serviçal: “Fiz o que você disse e hoje me sinto melhor. Agora, podes me dizer que objeto era aquele que um dia você me deu? Não consigo tirar aquela imagem dos meus pensamentos. A moça que estava desenhada tinha feições tristes mas, era muito bonita.”
Alegre com a mudança da princesa, a criada lhe disse: “Olhe através dele. Hoje a moça não está mais triste e está ainda mais bonita. Isso porque essa moça que você vê, na verdade, é você mesma. E este objeto é um espelho.”
Incrédula, a princesa disse: “Não pode ser verdade! O meu espelho sempre me disse que eu era uma abominação”.
A criada, continuou: ”Às vezes, é mais confortável e fácil acreditar nos outros do que em nós mesmos. Você é isso mesmo. Bonita, alegre, inteligente e feliz. Passou muito tempo tentando agradar apenas aquele espelho maldito. Mas, comece a acreditar que você tem muitas qualidades e que você tem que fazer as coisas por você e não para agradar os outros.”
Seguindo o conselho da criada, a princesa começou a se perceber de outra forma. Começou a se amar, a cuidar de si e a fazer as coisas por ela, sem tentar agradar os outros e, após jogar aquela maldição de espelho no lixo, ela viu o quanto poderia ser feliz.